Eu sempre conheci e usei a palavra "narcisismo", mas nunca havia parado para ler sobre sua origem. Eu sabia que havia uma lenda sobre Narciso, e sabia, apenas por osmose, que ele fora alguém que se apaixonara pela própria imagem. No entanto, hoje - há alguns minutos - eu recebi um e-mail com essa história. Na verdade eu não costumo ler meus e-mails, minha caixa de entrada é sempre lotada e eu tenho muita preguiça, mas eu estava no MSN quando subiu o aviso de recebimento de um e-mail de uma antiga professora minha. Eu abri apenas por curiosidade, e me deparei com um daqueles e-mails de power point, com uma tradicional música de relaxamento ao fundo e com aquelas imagens retiradas do google. Eu geralmente nem vejo esses e-mails [com exceção dos enviados por minha mãe, que - não sei como - sempre seleciona mensagens de caráter telepático ou profético], mas resolvi ver esse e me surpreendi.
A história é praticamente o que eu imaginava... Narciso era um rapaz muito belo e todos os dias contemplava o reflexo da sua própria beleza em um mesmo lago. Um dia, fascinado consigo mesmo, ele cai no lago e morre afogado. Depois disso, o lago, que era doce, transforma-se em um "cântaro de lágrimas salgadas". Aparecem então as Oreiades, Deusas do Bosque, perguntando ao lago a razão de suas lágrimas. O lago responde que chora por Narciso, tal qual as Oreiades imaginavam, mas as surpreende com uma indagação: "Mas Narciso era belo?" pergunta ele. Logo ele que, supostamente, vira por tanto tempo a imagem do rapaz em suas águas. E então ele completa com a passagem mais significativa da lenda: "Choro por Narciso porque, todas as vezes que ele se deitava sobre minhas próprias margens eu podia ver, no fundo dos seus olhos, minha própria beleza refletida."
Eu sei que até agora nada que eu escrevi faz sentido. Mas isso porque a minha mente está a mil, e quando eu fico assim, pensando demais, tenho vontade de fazer com que todos entendam meu ponto de vista. Isso, aliás, comprova o que eu estou pensando. Penso que, no fundo, todos nós somos narcisistas - em menor ou maior proporção. Inventamos nomes bonitos como "afinidade" e "identificação", mas a verdade é que a maioria de nós se apaixona pela imagem de si mesmo que há nos outros. É muito fácil amar alguém quando esse alguém possui as mesmas convicções que nós, os mesmos gostos, as mesmas crenças. É claro que depois o verdadeiro amor se desenvolve, e transpõe às barreiras da afinidade, mas eu realmente acho que ele começa na gente. Quantas vezes não conhecemos uma pessoa e dizemos para nós mesmos: "poxa, fulando é muito legal, ele entende exatamente o que eu sinto"? Em geral, queremos ouvir apenas aquilo que nós mesmos diríamos [se coubesse a nós dizer], e queremos que os outros sintam e amem da mesma forma que nós amamos, porque, na nossa cabeça, o nosso jeito é o jeito certo.
Quantos relacionamentos não acabam sob aquele clichê: "éramos diferentes demais"? Não é à toa que as pessoas mais presunçosas têm dificuldade de encontrar alguém; é que eles estão tão preocupados em enxergar sua própria beleza nos outros, e se julgam tão superiores, que acabam esquecendo de reparar que esses outros também possuem sua própria beleza. Cai, portanto, a velha teoria de que opostos se atraem. Opostos não se atraem, opostos se completam, mas para que as metades se encaixem é preciso bem mais que amor. É preciso tolerância, disposição para compreender que às diferenças não são necessariamente ruins, e até um pouco de bom senso para perceber que, se fosse para ter alguém igual a nós, bastaria um espelho.
A história é praticamente o que eu imaginava... Narciso era um rapaz muito belo e todos os dias contemplava o reflexo da sua própria beleza em um mesmo lago. Um dia, fascinado consigo mesmo, ele cai no lago e morre afogado. Depois disso, o lago, que era doce, transforma-se em um "cântaro de lágrimas salgadas". Aparecem então as Oreiades, Deusas do Bosque, perguntando ao lago a razão de suas lágrimas. O lago responde que chora por Narciso, tal qual as Oreiades imaginavam, mas as surpreende com uma indagação: "Mas Narciso era belo?" pergunta ele. Logo ele que, supostamente, vira por tanto tempo a imagem do rapaz em suas águas. E então ele completa com a passagem mais significativa da lenda: "Choro por Narciso porque, todas as vezes que ele se deitava sobre minhas próprias margens eu podia ver, no fundo dos seus olhos, minha própria beleza refletida."
Eu sei que até agora nada que eu escrevi faz sentido. Mas isso porque a minha mente está a mil, e quando eu fico assim, pensando demais, tenho vontade de fazer com que todos entendam meu ponto de vista. Isso, aliás, comprova o que eu estou pensando. Penso que, no fundo, todos nós somos narcisistas - em menor ou maior proporção. Inventamos nomes bonitos como "afinidade" e "identificação", mas a verdade é que a maioria de nós se apaixona pela imagem de si mesmo que há nos outros. É muito fácil amar alguém quando esse alguém possui as mesmas convicções que nós, os mesmos gostos, as mesmas crenças. É claro que depois o verdadeiro amor se desenvolve, e transpõe às barreiras da afinidade, mas eu realmente acho que ele começa na gente. Quantas vezes não conhecemos uma pessoa e dizemos para nós mesmos: "poxa, fulando é muito legal, ele entende exatamente o que eu sinto"? Em geral, queremos ouvir apenas aquilo que nós mesmos diríamos [se coubesse a nós dizer], e queremos que os outros sintam e amem da mesma forma que nós amamos, porque, na nossa cabeça, o nosso jeito é o jeito certo.
Quantos relacionamentos não acabam sob aquele clichê: "éramos diferentes demais"? Não é à toa que as pessoas mais presunçosas têm dificuldade de encontrar alguém; é que eles estão tão preocupados em enxergar sua própria beleza nos outros, e se julgam tão superiores, que acabam esquecendo de reparar que esses outros também possuem sua própria beleza. Cai, portanto, a velha teoria de que opostos se atraem. Opostos não se atraem, opostos se completam, mas para que as metades se encaixem é preciso bem mais que amor. É preciso tolerância, disposição para compreender que às diferenças não são necessariamente ruins, e até um pouco de bom senso para perceber que, se fosse para ter alguém igual a nós, bastaria um espelho.
14 comentários:
realmente interessante, é preciso balancear, nem se apaixonar pelo espelho e nem desprezá-lo mas sempre tendemos a um dos lados, né?
rsrs
bjs e bons dias
Eu sempre digo que o amor é algo entre duas pessoas diferentes que se completam pq elas constroem um elo com as suas diferenças.
É como um quebra cabeça, para se encaixar as peças não precisam ser iguais. ^^
ps: a verdade é que o que somos nos dá medo as vezes, e por isso só a gente sabe o que realmente somos. Por isso que a gente sempre acaba mostrando às pessoas que queremos ser diferentes - na verdade só queremos ter a coragem suficiente de sermos o que somos no íntimo! mto confuso? rs..
pois é, respeitar os defeitos e estar pronto para compreender os problemas. simples, né? mania de todos quererem complicar
Exatamente!
Agora me diz.. o que adianta "mentir" para o mundo inteiro se você mesmo sabe a verdade?
Não é a você que isso mais interessa?
ps: filosofando ^^
Tem isso também, de projeção, de você se apaixonar pela pessoa por traços que você gostaria de possuir em sua personalidade - a psicologia explica. Mas acho que o amor mesmo, não se baseia numa simples projeção. Pois tem tantos amores que não têm nada a ver um com o outro, mas aceitam suas diferenças em nome desse amor. Afinal, o amor é isso: respeito, entendimento, aceitação. Tem casos e casos, não se pode generalizar. O que não pode é essa admiração se tornar obsessão. Admiração quando equilibrada é boa.
Gostei desse desenhinho todo meigo de cima. Me emocionou
És do jeito que procuro?
" mas a verdade é que a maioria de nós se apaixona pela imagem de si mesmo que há nos outros."
já vi isso em outro lugar.
Eu procuro tanto me apaixonar, que quando a paixão sai primeiro de mim eu me assusto e recuo. Acho que tenho medo, prefiro deixar esse tipo de coisa pra aqueles seres fortes, e não como eu que choram até quando veem uma árvore.
Pode até começar como um sentimento narcisista, mas acredito que o amor verdade vá muito além disso.
Esqueci dizer: esse foi um texto bastante lúcido.
Gostei.
Esse teu blog é tudo. Adorei o que escreveu. Realmente um bela reflexão. Eu, e o meu amado, somos muito diferentes. Você conseguiu colocar em palavras o que eu tentava fazia tempo - somos opostos que se completam.
Meu beijo.
Não sei dizer. Meu namorado gosta da maioria das coisas que gosto, mas o que me faz gostar dele é o modo qe ele age. Ele pensa diferente. Acho que isso também conta. Mas quer saber? Cansei de tentar decifrar coisas que só me enlouquecem! pronto falei D:
Um beijo,
ótimo post!
"Os opostos se distraem, os dispostos se atraem..."
aaaaaaaamei o texto ;D
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