28 de agosto de 2009

Antes do tempo

precipitadamente
jogo-me do precipício
precipitada, a mente
comete suicídio,
presa no velho princípio
de precipitar - chover
afogo-me em meu próprio dilúvio.

24 de agosto de 2009

Meme

Graças a Dandara, eu agora sei o que é um meme. E graças a Matheus e Andressa, que me indicaram esse, eu vou poder brincar disso também. Eu sempre via as pessoas indicando memes umas pras outras, e mesmo sem entender direito o que era, achava legal. Se tem gente que não gosta por dizer que é "aprender por cópia", eu digo que adoro a idéia de ver várias pessoas respondendo a uma mesma pergunta. Não é legal ver até onde as pessoas podem ser diferentes [ou iguais]?

As regras são:
Selecionar dez coisas que você ama.
Indicar o meme para cinco pessoas diferentes.

1º parte:

1. Falar: mais do que qualquer outra coisa, eu amo poder falar. Gosto de me sentir livre pra dizer o que eu penso, o que eu sinto, ou simplesmente para dizer o que me dá na cabeça. Gosto de falar sobre tudo ou sobre nada. Às vezes me arrependo do que digo, e prometo não falar sem pensar novamente, mas aí penso que seria muito pior se eu me arrependesse de não ter dito aquilo que eu queria dizer. Vai que depois é tarde demais? Por isso eu gosto de falar tudo. Falo quando estou feliz, falo quando estou magoada, falo quando estou com raiva, falo quando amo e sei que amo, tem vezes que falo só para acelerar o relógio, mas eu estou sempre falando. E quando estou em silêncio, é porque estou pensando em algo que eu poderia falar - qualquer hora para alguém.

2. Espontaneidade: não há nada que faça eu me sentir tão bem quando a sensação de poder ser quem eu sou, sem restrições e sem censuras. Eu sou naturalmente espontânea e impulsiva. Vez por outra eu dou uma de racional, e fico pensando e pensando e pensando sobre tudo o tempo todo, mas sempre que faço isso, acabo fazendo exatamente o que eu queria fazer no início e não tive coragem. Eu gosto de decisões de última hora, gosto de planos refeitos; gosto de correr na chuva, mesmo que estando preparada para um dia de sol na praia. Eu sinto prazer em tirar proveito das mudanças, me sinto viva quando consigo tirar o sumo positivo das coisas inesperadas, mesmo que elas pareçam ruins a princípio. Eu sempre gostei daquela frase do faustão que diz "quem sabe faz ao vivo".

3. Chuva: já que falei em chuva no tópico anterior, vou dedicar um tópico inteirinho só pra ela. Eu simplesmente amo a chuva. Amo o efeito que a chuva provoca em mim... Eu me sinto mais viva cada vez que uma gota de chuva resvala por minha face, e adoro abrir a boca para esperar que algumas delas caiam doce em minha boca. Chuva me faz reviver momentos lindos na mente, outros nem tanto. Mas nem só de momentos bons a vida é feita, não é? E são os altos e baixos que a tornam tão emocionante quanto uma montanha russa [que dá aquele medo, aquele frio na barriga, mas no final, todo mundo quer ir de novo]. Gosto de imaginar que chuva leva tudo que é ruim, traz tudo que é bom, e mesmo quando a chuva é muito forte, provocando sustos e desastres, há sempre a certeza de que depois dela, virá a calmaria.


4. Carinho: eu não sei se eu sou uma pessoa tão carinhosa quanto eu gostaria de ser, mas adoro toda forma de carinho, explícito ou não. Não precisa ser grande coisa, uma ligação preocupada quando eu estou doente ou triste já é o bastante para me coroar um sorriso de orelha a orelha. Carinho de namorado [não qualquer namorado, apenas do meu namorado], carinho de amigo, carinho de pai, de mãe, de irmão. Amo beijar, claro, não há como descrever a sensação que reside em um beijo apaixonado. Mas as vezes um abraço, daquela mesma pessoa que lhe beija, vale mais que um milhão de beijos. Aquele abraço apertado que parece dizer "vou transformar meus braços em uma muralha para te proteger de tudo". Amo até aqueles carinhos mais sutis... Um roçar de mãos, uma cabeça em meu ombro, uma mordida e até um grito, se for de amor.

5. Telefone: ah, telefone. Que me permite ouvir a voz dos que estão longe, bem no meu ouvido, como se estivessem pertinho de mim. Telefone, que me permite adormecer enquanto converso, e que diminui a solidão que eu sinto quando não tem ninguém em casa. Telefone, que me permite ligar pra quem eu quiser: da rua, do ônibus, da aula, do quarto, do banheiro... Só o toque do telefone já me faz sorrir... "quem será que está ligando? será alguém que lembrou de mim? alguém que quer ouvir minha voz?". Claro que eu prefiro a presença substancial, o contato, a voz vinda com o sopro da respiração; mas quando quem a gente quem ama tá distante, é o telefone que salva - da saudade.

6. Arte: música, cinema, pintura, dança, literatura e sorriso. Eu posso não ser uma artista em potencial, mas sou uma grande apreciadora de todas as formas de arte. Não me lembro de um dia que eu tenha passado sem ouvir ou cantar uma música pelo menos, e são tantos os filmes que me encantaram até hoje que é praticamente impossivel eu escolher um ou dois deles para definir como meus favoritos. Eu gosto de olhar para pinturas e imaginar o que o artista estava sentindo/pensando quando fez aquela pintura. Na dança, o corpo ganha voz, e os gestos dizem coisas que só outro corpo - em sintonia - consegue entender. Literatura, o que posso dizer? Eu mergulho tão profundo em um livro, que de vez em quando fico perdida entre a realidade e a ficção. E sorriso, nossa, o sorriso para mim é a mais linda de todas as artes... Uma arte que não exige talento, vocação ou horas de treinamento. Arte popular, livre, barata e nem por isso menos bela.

7. Imaginar: posso passar horas apenas imaginando algo sobre alguém. Qualquer coisa pode despertar minha imaginação; um banco vazio me faz imaginar quantas pessoas já não passaram por aquele banco; uma luz acesa no meio da noite me faz imaginar o motivo de alguém não estar dormindo tão tarde [seria o mesmo que o meu?]; um casal discutindo me faz imaginar o sorriso que virá quando fizerem as pazes; uma flor me faz imaginar quantas mulheres não amariam recebê-las de uma pessoa amada. Eu gosto de olhar para estranhos e imaginar suas histórias, gosto de imaginar como seria aquilo se não fosse isso, como seria aquele, se não fosse assim. Amo imaginar porque a minha imaginação me dá asas, e eu sempre gostei de imaginar como seria, se eu pudesse mesmo voar.

8. Final feliz: "final" é força de expressão, já que eu não acredito que as coisas tenham mesmo um final definitivo. Pra mim, nem a morte é o fim. Mas eu adoro quando as coisas "terminam" bem. Quando uma briga boba termina em risos; quando um filme acaba em casamento; quando o herói consegue salvar a mocinha; quando o vilão se arrepende e tenta se redimir; quando uma saída entre amigos acaba em resenhas. Eu odeio aquela impressão de que "nada valeu a pena" só porque no final não foi tão legal. Já quando as coisas terminam bem, parece que tudo que acontece de ruim é aprendizado, enquanto tudo de bom se eterniza.

9. Pessoas: isso não é bem uma coisa, mas se eu fosse fazer uma lista de todas as pessoas que eu amo, daria bem mais de 10. Então eu vou resumir tudo em uma coisa só. Porque eu amo, nas pessoas, o que elas têm de mais humano. Gosto de fulano porque ele é sensível, de beltrano porque é inseguro. Amo os medrosos, os ciumentos, os serenos, os sinceros. Amo as pessoas pelo que elas realmente são, pelos seus defeitos e pela coragem de assumi-los. Eu amo as pessoas porque elas erram, e errando amadurecem. Amo as pessoas porque são imperfeitas, mas ainda assim tentam melhorar. Amo as pessoas porque elas são capazes de mudar, de pensar, de sentir. Amo as pessoas porque elas podem me amar também. E quem não ama ser amado? Eu sei que existe muita gente cruel no mundo, muita gente que quer o mal do outro sem quê nem pra quê, mas eu não sou do tipo que julga o todo por uma parte.

10. Amar: família, amigos, namorado, falar, espontaneidade, chuva, carinho, telefone, imaginação, final feliz, cachorro, gato, papagaio, peritquito... Eu sou um pouco de cada coisa que eu amo. Sou o conjunto de todas elas. Diria até que sou feita de amor, mesmo quando estou com raiva. Se eu não amasse tanta coisa [e pessoas!], nem mesmo essa lista eu poderia fazer.

2º parte:
Manuela, César, Eduardo, Luciana e Felipe.

17 de agosto de 2009

Teorema do copo d'água.

Assistindo Mais Você, eu ouvi algo interessante. Ouvi que, se você segurar um copo descartável [do pequeno] com água, você vai achar ele leve. Claro, porque ele é realmente leve. Entretanto, em segurando esse mesmo copo por duas horas, por exemplo, sua mão vai começar a ficar dormente, seus dedos vão começar a fraquejar, e aquele copo de água, que era leve, vai ficar gradativamente mais pesado. Agora imagine segurar esse copo de água durante dias/meses, sem soltar por nenhum instante? Vai chegar um momento em que ele vai ficar tão pesado que você não vai mais suportar. Sua mão vai ficar incontrolavelmente lânguida e o copo vai cair, provavelmente provocando uma bela lambança.
Eis pois o que acontece com todo peso que decidimos carregar conosco por tempo indeterminado. Seja um medo, uma preocupação, um segredo, tudo que exige de nós um certo esforço, mesmo que a princípio pareça pouco, nos desgasta se prolongado demais. Por isso, eu agora estou largando os pesos. Vou colocar meu copo de água sobre a mesa, e só vou pegar quando estiver com sede.

11 de agosto de 2009

Long Nights

Às vezes eu tenho a sensação de ser apenas uma telespectadora da minha própria vida. Parece que estou sentada em uma poltrona, de onde assisto meus erros e acertos, sem controle remoto nem nada. É como se eu não tivesse o poder nem a disposição de mudar o curso das coisas, mesmo que elas me incomodem.
Ando tendo muita insônia, e isso não me parecia errado, até eu parar e pensar no porquê. Porque não consigo dormir, mesmo quando meu corpo está cansado e minha mente está exausta? Porque não consigo repousar minha cabeça no travesseiro e só acordar com o sol? Pensando, cheguei a uma conclusão: me falta o sentimento de dever cumprido.
Não importa o quanto eu estude, ou o quanto eu siga os planos que tracei para meu dia, sempre falta alguma coisa. É que eu ando meio sem rumo, insatisfeita como o que venho me tornando. Não tenho mais certeza do que quero pra mim. Nem sequer tenho certeza do que não quero.
Tem dias que quero passar a vida escrevendo, tem dias que quero escrever uma vida nova. Sem essa rotina desgastante que vem me sufocando. Sem precisar estar cercada de livros que odeio ler, ouvindo histórias que já me foram contadas, voltando pelo mesmo caminho que me trouxe até aqui.
Sinto como se estivesse estacionado no tempo. Não cresci, não amadureci, não aprendi com minhas falhas. Os erros que eu cometo ainda são os mesmos, a diferença é que agora eu já os conheço bem, e tenho sempre um bom argumento para justificá-los.
Me pergunto se isso é apenas uma fase, uma TPM fora de época, uma inquietação provocada por alguma frase que li em um outdoor. Porque eu tenho dessas coisas... escuto algo e penso que não dei importância, mas depois de um tempo percebo que aquelas palavras ficaram ecoando na minha cabeça, como um CD arranhado que não para de tocar.
É estranho, porque pela primeira vez não se trata de amor. Aliás, o amor é tudo que eu tenho de mais certo agora. É o que me ampara e suporta os meus defeitos de fábrica. O amor em todas as suas mais variadas facetas.
É, esse post não é sobre paixão, sobre pressão ou depressão. Eu não estou infeliz, não estou irritada e nem preocupada. Estou apenas confusa, perdida diante da incerteza do meu amanhã. Se houver amanhã.

Raimundo

Podia ser João, José ou Roberto; mas olhando pra ele, acho que é Raimundo. Os olhos são sagazes, embora transmitam cansaço e pesar. Os pés, descalços, estão cheios de calos; e eu me pergunto por quanto asfalto quente ele já não caminhou.

Eu gostaria de saber da história de Raimundo, mas não tendo coragem de perguntar, eu invento. Não que eu tenha medo dele, dele não; tenho medo de descobrir que ele está aqui porque matou alguém e fugiu pra não ser preso - ou qualquer coisa do tipo. Tenho medo de descobrir que toda essa penúria é conseqüência de uma única escolha errada, cuja responsabilidade cabe apenas a ele. Tudo fica mais difícil, se não podemos culpar ninguém. E pra que deixar as coisas ainda mais difíceis do que já são?
Por isso, eu gosto de inventar. Olho pra Seu Raimundo e penso que ele está esperando alguém. Um grande amor, talvez. E ele está com medo de que ela apareça justo quando ele for embora. E, temendo, fica sempre aqui, nessa praça, debaixo de chuva e sol. Sem reclamar.
Enquanto espera, Raimundo também inventa histórias. Quando chove, ele inventa que Luísa - Luísa parece um bom nome para um grande amor - está presa por causa da enchente. Quando faz sol, é culpa do carro que quebrou no meio da estrada e está difícil de consertar.
Raimundo às vezes chora, quando não tem ninguém passando. É a tristeza de pensar que talvez Luísa tenha sido mordida pelo bicho da morte. É, pra Raimundo a morte é que nem bicho; uma fera traiçoeira, perversa, que fareja o medo à quilômetros de distância. Por isso, quando bate aquele aperto no peito, ele volta os olhos pro firmamento e pede força pra enfrentar a fera e suas crias: a fome, o frio, a doença, e ela, a filha preferida da morte - a desistência.
E assim Raimundo vai vivendo. Quando os pés doem demais, ele deita e fica olhando pro céu [ele prefere fazer isso a noite, quando há um milhão de estrelas brilhando para ele, igualzinho aos olhos de sua amada]. Quando a fome aperta, ele pede uma ajuda. E quando é a saúde que balança, ele bebe das lágrimas de algum Deus complacente, que caem sobre ele disfarçadas de chuva. No frio, ele imagina os braços de Luísa à sua volta, e como mágica, o sangue se aquece, e a pele é chaminé para o calor da esperança, que se renova sempre pra que ele não desista nunca.

Boa sorte, Raimundo. Boa fé.

9 de agosto de 2009

Eu fiz de novo!

Aquilo, de falar as coisas sem pensar. ou de falar tanto que no final eu já nem sei se o que eu falei era o que eu pensava no começo. Alguém por favor me coloca no silencioso? Quero um botão que me desligue, que me mantenha no automático e me faça parar de questionar. Quero, pelo menos uma vez, me deixar levar.

Quem me segue (se perde comigo)