29 de junho de 2009

Pêra!

Eu queria escrever, mas tudo que me vinha à mente eram declarações de amor e poemas baratos. E eu poderia dizer agora que estou apaixonada, e que por isso estou muito sensível e que até chorei assistindo o exterminador do futuro II hoje. Mas decidi que queria escrever algo inovador, algo menos egocêntrico, que abranjesse mais que apenas os meus sentimentos ou situações casuais que porventura eu projetasse na minha cabeça [como sempre faço]. E foi pensando assim que eu tive a brilhante idéia de pedir que minha mãe dissesse uma palavra qualquer, que seria enfim o tema abordado no meu post. Mas eis que ela me aparece com essa palavra inesperada: pêra! Pêra, que após o novo acordo ortográfico não recebe mais acento, mas que eu, em sinal de protesto, continuo a utilizar, por achar que a pêra fica nua sem “chapéu”.
Pois bem, o que falar sobre pêras? Eu pensei em falar que elas são boas pra saúde... até fiz uma pesquisa na wikipédia para fundamentar o meu post, mas não achei que fosse um conteúdo atraente para os meus [poucos, porém queridos] leitores. Então eu comecei a pensar sobre essa fruta de ambiente temperado, com sabor neutro, e percebi que pêra é comida de doente...! Pouco ácida, macia, pouco calórica. E isso não é muito relevante, mas é uma descoberta, visto que só a maçã é lembrada como comida de doente. Porque esse preconceito com as pêras, não é mesmo? E agora me ocorreu outra coisa; que as pêras também são muito utilizadas como parâmetro para o corpo feminino. Tipo, um corpo em forma de pêra geralmente traz quadris largos, ombros finos, pouco busto. No entanto, ninguém lembra das mulheres pêras! Só lembram as mulheres “melancia”, ou então das mulheres “violão” que nem fruta são. Entende? Porque as pêras são tão discriminadas por nossa sociedade? As pêras também têm sentimento... Se elas falassem – que nem as vacas do Carlo -, elas provavelmente iniciariam uma revolta armada contra as outras frutas da cesta de fruta que sempre são mais pintadas nos quadros dos artistas.
Bom, essa é minha singela homenagem às pêras. Deixo aqui pra vocês, a foto de duas delas, provavelmente apaixonadas, que nem eu. =}

23 de junho de 2009

Sozinha na multidão.

Parece um clichê, quando escutamos os outros falando sobre esse estranho vazio que surge dentro da gente; mas na verdade é bem real, e dói. A propósito, eu sempre pensei que essa dor fosse metafórica. Sempre ouvi músicas, li em poemas, romances, e a mim parecia sempre tão exagerado! Como um sentimento poderia causar qualquer dor física? Mas então eu conheci a saudade. A saudade é traiçoeira... A gente nunca sabe se é boa ou ruim. É bom lembrar dos bons momentos, mas se precisamos lembrar é porque não estamos mais – pelo menos por hora – vivendo essas lembranças. É uma sensação ruim, essa de querer voltar no tempo e não conseguir. De repente, de tanto você lembrar daqueles momentos, você começa a reinventá-los em sua mente; começa a pensar que poderia ter feito isso ou aquilo diferente, pensar que poderia ter dito aquilo aquela hora, e ter dado um beijo mais longo na hora da despedida. Ah, é tão chato sentir saudade! Mas, por outro lado, e isso é mesmo um clichê, a saudade também faz sentir que valeu a pena. Valeu tanto a pena que você ainda queria estar lá, sentindo todas aquelas coisas novamente, como um filme preferido que você compra o dvd original só pra poder ficar revendo todos os dias, e pra dar pause naquela cena perfeita que sempre faz seus olhos se enxerem de lágrimas. Eu não sei explicar esse fenômeno, não sei explicar como posso me sentir só quando estou cercada de tantas pessoas que eu gosto... é só que parece que está sempre faltando um pedaço que, por menor que seja, não me deixa ficar completa. E o pior é que eu to sempre me sentindo assim; quando estou cá, quero estar lá, quando estou lá, quero estar por cá. Depois não entendem porque eu sou assim perturbada. Mas a verdade é que no meu agora, só há um lugar onde eu realmente queria estar; onde eu posso ser assim tão eu.

17 de junho de 2009

arrepio...

onda que irrompe na alma
eriçando a pele
e se propaga em pelo
atravessando o corpo

14 de junho de 2009

Do sexto andar.

O vento leste soprava forte na orla. Um sopro gélido, perdido no mormaço habitual da cidade; no calor que irradiava do asfalto para o corpo dos que passavam correndo, para a vida, que comemorava o nascer de mais um dia.
Em algum lugar perto dali, ouvindo o som das ondas que iam e vinham [incansáveis], Zeca ensaiava um sorriso no espelho. Chegara enfim o dia em que declararia seu amor; o dia em que revelaria à Isabela o quanto seu corpo regia apenas com o rastro de perfume que ela deixava no elevador. Ele costumava inspirar todo aquele ar de uma só vez, e prendia-o em seus pulmões pelo maior tempo possível, imaginando que, de alguma forma, aquilo pudesse aproximá-los. Entretanto, daquela manhã em diante, Zeca esperava não ter mais que contentar-se com o ar viciado do elevador - ele queria mais. Queria poder respirá-la de pertinho, sentindo em si as vibrações do ar que passaria dela pra ele, num interminável fluxo de sensações. Ele queria beijar-lhe o pescoço e divagar pelas trilhas que seus lábios percorreriam até explorar-lhe todo o corpo. Ah, Zeca sonhara tanto com este momento, e agora, há instantes de seu triunfo, encontrava-se paralisado, pateticamente estático, ensaiando sorrisos.
Com um longo suspiro, o rapaz dirigiu-se à cozinha. Necessitava de um facilitador, um incentivo; algo que lhe proporcionasse toda a coragem que passara meses reunindo, mas que ainda não dispunha. Abriu a geladeira e retirou uma garrafa meio cheia de Uísque. Serviu-se de uma pequena dose e, em seguida, de outra.
Com o copo na mão, caminhou até a varanda. Ajeitou na parede o velho quadro de mosaico, que estava inclinado; e, de repente, cada fragmento de vidro [colorido] refletia a imagem desejada de Isabela. Ele desviou o olhar o apartamento dela, situado logo ao lado do seu, janela com janela. Odiou-se por amá-la tanto e não ser capaz de dizê-la o quanto. Odiou-se, e odiou-se tanto, que quis jogar-se lá de cima – do sexto andar – só para não ter que se odiar mais. No entanto, uma canção distante o impediu. Era uma sinfonia natural; vento, mar e sol, todos entoando uma cantiga suave, que lhe acalmou o coração. Seus olhos então correram pelo calçadão, pelas árvores, pelos ladrilhos do chão... e depois repousaram sobre um casal sorridente, que se beijava ao sabor daquela melodia.
Zeca então sorriu. Um pouco pra si, um pouco pra ninguém. Sorriu e jogou uma pequena pedra na janela de Isabela. Ele agora tinha coragem.

12 de junho de 2009

Dia dos [des]namorados.

Eu tava assistindo MTV quando começou o "LAB - toca aí" especial do dia dos namorados. Não fiquei surpresa quando Fresno apareceu para escolher a primeira música, mas chorei horrores com a música que eles escolheram. Always. Aquela do Bon Jovi... quem já não curtiu uma fossa com aquela música? quem já não reviveu uma dor de cotovelo adormecida? No meu caso, o buraco é mais embaixo. Quem me conhece a mais tempo sabe que ela é minha música preferida ever! e que, inclusive, marcou o meu último namoro sério. Lembro que logo que o namoro acabou, eu fiquei com medo de não conseguir ouvi-la novamente sem lembrar das coisinhas ruins que, eventualmente, os finais de relações trazem consigo. Felizmente, aconteceu exatamente o contrário. Eu consegui apagar da minha mente tudo que, na época, me machucou por dentro, e só restaram as boas lembranças. Entre elas, o dia dos namorados. Até hoje eu tenho a cesta enorme que eu ganhei cheia de trufas. É claro que não sobraram trufas, mas a lembrança está guardada, perto das minhas bonecas e ursinhos de pelúcia. Sim, eu ainda tenho bonecas; gosto de manter sempre à vista os pedacinhos do meu passado, para que eu olhe ao redor e lembre de que o que eu sou hoje, é a união de tudo que eu já fui um dia. Mas bom, eu comecei a falar disso com um propósito. É que, com todas essas lembranças, eu percebi que o dia dos namorados é bem mais marcante para os que não tem namorado. Afinal, quando se tem namorado, o dia 12 não passa de um dia para trocar presentes, além de – o mais importante – ser também um ótimo pretexto para lembrar à pessoa amada do quanto ela é especial. Mas quando há amor de verdade, todo dia é dia disso (não necessáriamente envolvendo presentes)! Entretanto, aos que não tem a quem dedicar serenatas e declarações, esse dia parece interminável e incrivelmente solitário. Nós (solteiros) nos perguntamos porque estamos sozinhos; e alguns até inventam aquelas desculpas "de encalhados"... "estou só por opção", ou "estou me dedicando aos estudos agora". Mas a verdade é que, se pudéssemos mesmo escolher, escolheriamos ter sempre alguém conosco; alguém que nos fizesse sentir amados, desejados, amparados; alguém para escrever cartas de amor e ligar de madrugada só pra dizer "estou pensando em você". E o mais complicado... na maioria das vezes, esse alguém tem nome e endereço, e nós apenas não temos coragem de procurá-los, ou não somos correspondidos, ou somos correspondidos e não sabemos. Por isso, o dia dos namorados para os solteiros é ficar olhando os casais se abraçando na rua, no parque, no cinema; e é pensar que seria realmente muito bom ter (aquele) alguém para, pelo menos, andar de mãos dadas por aí. [Um feliz dia dos namorados (para os que tem). E para os que não tem... muito chocolate! rs.]

10 de junho de 2009

Se bastasse querer.

Sabe aquele arrepio na espinha? Uma dorzinha pontiaguda no estômago, uma tremedeira nas pernas, uma mordiscada no canto do lábio para segurar a boca - que parece que ta relaxada de tanto sorrir. Para de rir, Nat. Fixe o olhar num ponto e respire, logo você se acostuma com essa sensação. Eu não sabia se ia durar; nunca sei. Mas queria tanto que durasse! Fazia tempo que não sentia assim: numa hora contanto os segundos para o tempo passar, noutra, fechando os olhos pra parar no tempo. Era como uma dança lenta, e a voz dele me conduzia por um imenso céu, coroado por estrelas prateadas que nos serviam de holofotes. Vez por outra a luz passava por ele, revelando uma fatia fininha do seu rosto; e depois ia sumindo, sumindo, sumindo... Era como ver a lua, minguando sob uma cortina de nuvens. De repente o ritmo se acelerava; meu coração saltava dentro do peito. E nessa hora, quando os olhos se encontravam em uma reta única, e as mãos se apertavam como se para nunca soltar; a cabeça se inclinava (a minha pra cima e a dele pra baixo), e eu tinha que ficar na ponta dos pés para que nossos lábios finalmente conversassem. Sem palavras. Só estalos. Eu queria tanto que durasse! Pena que acabou.

Quem me segue (se perde comigo)