24 de julho de 2009

Chuva traga o meu benzinho...

Pois preciso de carinho!

Sabe aquelas cenas de filme? A garota entra no mesmo local onde já esteve com o rapaz. Um local aparentemente comum, mas que, quando ao lado dele, parecia que tinha chão de núvens, e as músicas que tocavam pareciam se encaixar perfeitamente no que sentiam, no que pensavam, e faziam encaixar perfeitamente um corpo no outro pra dançar bem juntinho a noite toda.
Dessa vez, no entanto, ela está sem ele. O lugar é o mesmo, as paredes são as mesmas, mas parece tão vazio! Nem todas as centenas de pessoas se empurrando o tempo inteiro conseguiam fazer passar aquela sensação de vazio, de espaço demais, de gente invisível por todo lado.
A garota, então, fecha os olhos. E uma espécie de flash passa pela cabeça dela... Por um instante, ela quase pôde sentir novamente os braços dele em volta do seu corpo, e quase pôde sentir o gosto do beijo, que é tão bom que até o gosto amargo de chopp parece deliciosamente atraente.
Acontece, porém, que alguém chama por ela. E todas as imagens se desfazem no ar como se fossem feitas de fumaça. Ela fica triste quando percebe que estava apenas sonhando acoradada, e pensa que seria ótimo se pudesse viver tudo novamente. Mas não, ela muda de idéia. Ela quer é mais tempo para muitos novos momentos como aquele.

20 de julho de 2009

ainda acordada...

eu penso agora nos amores que tive, nos amores que perdi. penso nas lágrimas que derramei, na tristeza que um dia senti. penso em quantas vezes eu já não acreditei que fosse o fim, quantas vezes eu não pensei em desistir. penso naquelas noites, como essa, sem conseguir dormir; e penso naquelas manhãs em que eu não quis acordar. penso e, pensando, lembro das tristes despedidas, do abraço apertado na partida, do sorriso caloroso na chegada. lembro dos dias que amanheceram cinzentos e que, mesmo fechados para qualquer raio de luz, foram palco de muita brincadeira e muito riso sob a chuva. lembro dos sorvetes, dos chocolates, dos trabalhos escolares. lembro das brigas, dos desabafos, dos abafos, dos sacrifícios. lembro das noites perdidas de papo pro ar, a promessa de ver o sol raiar; os pés descalços, cansados de dançar. sim, eu lembro das danças, das tranças, dos penteados iguais. lembro das criações, confusões e confissões. lembro das paixões de colegial, do primeiro selo, do primeiro beijo, dos primeiros carnavais. lembro das cartinhas, das cartilhas, das partilhas de roupas, escova de dentes e amor. penso nos filmes, nas pipocas, e mais chocolates, e mais trabalhos. penso no desespero, nas viagens, nas trilhas sonoras; naquela música que até hoje, quando toca no rádio, me dá vontade de chorar. lembro do braço aberto, do colo pra chorar.... das ligações e mais ligações, e das transmissões de pensamento, de sentimento; penso no tormento que é não poder ligar, nem falar, nem perguntar se fulano finalmente vai se declarar. penso em como a felicidade de alguém pode ser o bastante pra me deixar feliz também, e em como um sorriso só sorri por tantos além. não importa se é vibrando, chorando, cantando, reclamando, ou clamando a Deus um pouco mais de paz. não importa se está longe, ou se está perto. não importa raça, religião ou gosto musical... amigo que é amigo, é amigo de verão a verão, em qualquer estação, mesmo que seja de trem. [um feliz dia dos amigos para todos, e obrigada aos meus amigos. que estão em mim, que estão comigo!].

Nota de observadora:

Pra dois posts numa só madruga, só há duas explicações prováveis: ou eu estou tendo outra crise de insônia, ou estou preocupada com alguma coisa. No entanto, meus olhos estão quase adquirindo gravidade própria, e o sorriso em meu rosto parece abolir qualquer possibilidade de preocupação. O problema é que as vezes eu tenho a impressão que não posso rir tanto riso assim à toa. sinto como se, a qualquer minuto, o universo fosse cobrar um preço por toda essa felicidade.

Detalhes

Nenhum olhar jamais me fez sentir tantas coisas ao mesmo tempo. Um misto louco de medo, vergonha e desejo, uma estranha vontade de atravessar o vidro dos olhos para chegar à retina que me imprime exatamente como sou, e reprime toda a coragem que um dia eu tive. De repente, minhas pernas ficam frouxas, e as palavras que eu ensaiei para falar saem aos tropeços ou, na maioria das vezes, simplesmente não saem.
O rosto quente me faz sentir um pouco mais segura, como uma comprovação de que não sou só eu que estou a flor da pele. Mas a verdade é que a flor da pele também desabrocha, e apenas aquelas mãos sabem a medida exata de força e delicadeza que as pétalas necessitam para tornarem-se vivazes o bastante para suportar as tempestades e as ventanias.
Um sopro ao pé do ouvido aquece quando o tempo esfria, e refresca quando o calor invade o ambiente e o corpo, o corpo todo que se embala pra lá e pra cá. Os braços abarcam meus braços, como um barco que navega num mar de ondas mansas, que leva todo o passado, e deixa de presente o presente, que se arrasta pra não ter que passar.
Por fim, os corações conversam; um tambor batendo dentro do peito, dizendo que agora não tem mais jeito, é sentimento demais pra acabar.

7 de julho de 2009

Plenitude

Eu estava decidida a não me apaixonar de novo. Meu coração estava fechado para reforma e só retornaria revestido com DNA de lagartixa. De que outra forma ele poderia sobreviver a tantas quedas, tantos cortes, tanta falta das tantas partes que tantas vezes partiram [e partiram-no]? Mas algo inesperado aconteceu. Um desses eventos aleatórios que costuma não dar em nada, mas que quando dá, revira nossa vida e deixa tudo de pernas pro ar. AR! É como voltar a respirar livremente, sem tubos de solidão para estimular a auto-piedade.
Mas gato escaldado... sabe como é. O coração hesitou, apertou, gritou; o coração teve medo de partir-se de novo, pois estava quase deixando de ser coração pra ser colcha de retalhos. E em nome dele, eu resisti; quis ter certeza de que não havia um abismo entre as nuvens, e até tentei trancafiar o pensamento - mas ele, que nem vento, me escapou. Acontece que quando o amor surpreende, o coração amolece, o coração se rende. E se houver qualquer abismo nessa estrada, eu vou voar.

2 de julho de 2009

Não há de ser nada.

Mas às vezes eu me sinto como se nunca estivesse a altura daqueles que eu amo. Por mais que eu me esforce, nada que eu faça é suficiente; sempre acabo magoando alguém e sendo acusada de fria e seca por isso. Eu confesso que tenho uma certa dificuldade de demonstrar meus sentimentos, mas não acho certo que me julguem e me condenem por isso. Não dizer não significa não sentir. Será que ninguém sente o calor da minha alma quando me abraça? Tenho medo de que estejam certos sobre mim. Tenho medo que eu seja mesmo impenetrável. Mas como por ser fria quando há tanta vida queimando dentro de mim?

Quem me segue (se perde comigo)