– Posso me sentar aqui?
A moça de grandes olhos fitou-o por segundos, mas a ele os segundos pareceram se prolongar por uma, duas, quem sabe três horas. Os olhos dela eram como dois imensos buracos negros; tragavam-no e transportavam-no para outra dimensão, onde ele mandava e o tempo atendia.
Embaraçada, ela desviou o olhar e sorriu um sorriso tímido.
Ele se sentou.
– Você tem belos olhos. – e disse se inclinando sobre a mesa, aproximando um pouco mais o rosto do dela. Ela se afastou um pouquinho, o sorriso tímido se alargou, as bochechas, outrora alvas como papel, tornaram-se rubras e quentes.
– Você vem sempre aqui, não é? – ele continuou a falar – oh, por favor, não pense que essa é uma daquelas cantadas baratas. Eu disse isso porque sempre a vejo por aqui, sentada nessa mesma cadeira. Essa não foi a primeira vez que quis me sentar contigo, na verdade, todos os dias eu ensaio palavras pra lhe dizer, fico inventando pretextos para chegar mais perto, qualquer coisa para puxar assunto; até pensei naquele velho truque de esbarrar... mas toda vez que eu lhe via, eu pedia a coragem. Não sei, acho que é esse seu jeito de olhar, que parece que tá me vendo por dentro, que parece que eu to sem roupa, sem pele, se nada; parece que sou apenas um coração acelerado sobre duas pernas trêmulas, falando compulsivamente a cada batimento. Eu sei, você deve está me achando um grande idiota, talvez até esteja prendendo o riso agora, mas eu não me importo; porque eu sou mesmo um grande idiota, mas sou um idiota apaixonado. Sim, você vai dizer que sou muito precipitado, que a gente nem se conhece... mas não é verdade! Eu acredito em amor à primeira vista, sempre acreditei. Aliás, você é meu amor à primeira, segunda, terceira, quarta vista! E será sempre o meu amor, não importa quantas vezes eu a veja.
Houve um silêncio.
Ela se inclinou sobre a mesa, igualzinho a ele, deu-lhe um beijo na boca e foi embora.
E ele ficou lá na cadeira, olhando ela se afastar.
– Você viu? Ela me beijou! Ela me beijou! Acha que ela vai considerar o que eu disse? – perguntou à garçonete, que retirava a xícara meio-cheia que a moça esquecera. Ele estava em estado de êxtase.
– Aquela moça surda? Acho que não.
A moça de grandes olhos fitou-o por segundos, mas a ele os segundos pareceram se prolongar por uma, duas, quem sabe três horas. Os olhos dela eram como dois imensos buracos negros; tragavam-no e transportavam-no para outra dimensão, onde ele mandava e o tempo atendia.
Embaraçada, ela desviou o olhar e sorriu um sorriso tímido.
Ele se sentou.
– Você tem belos olhos. – e disse se inclinando sobre a mesa, aproximando um pouco mais o rosto do dela. Ela se afastou um pouquinho, o sorriso tímido se alargou, as bochechas, outrora alvas como papel, tornaram-se rubras e quentes.
– Você vem sempre aqui, não é? – ele continuou a falar – oh, por favor, não pense que essa é uma daquelas cantadas baratas. Eu disse isso porque sempre a vejo por aqui, sentada nessa mesma cadeira. Essa não foi a primeira vez que quis me sentar contigo, na verdade, todos os dias eu ensaio palavras pra lhe dizer, fico inventando pretextos para chegar mais perto, qualquer coisa para puxar assunto; até pensei naquele velho truque de esbarrar... mas toda vez que eu lhe via, eu pedia a coragem. Não sei, acho que é esse seu jeito de olhar, que parece que tá me vendo por dentro, que parece que eu to sem roupa, sem pele, se nada; parece que sou apenas um coração acelerado sobre duas pernas trêmulas, falando compulsivamente a cada batimento. Eu sei, você deve está me achando um grande idiota, talvez até esteja prendendo o riso agora, mas eu não me importo; porque eu sou mesmo um grande idiota, mas sou um idiota apaixonado. Sim, você vai dizer que sou muito precipitado, que a gente nem se conhece... mas não é verdade! Eu acredito em amor à primeira vista, sempre acreditei. Aliás, você é meu amor à primeira, segunda, terceira, quarta vista! E será sempre o meu amor, não importa quantas vezes eu a veja.
Houve um silêncio.
Ela se inclinou sobre a mesa, igualzinho a ele, deu-lhe um beijo na boca e foi embora.
E ele ficou lá na cadeira, olhando ela se afastar.
– Você viu? Ela me beijou! Ela me beijou! Acha que ela vai considerar o que eu disse? – perguntou à garçonete, que retirava a xícara meio-cheia que a moça esquecera. Ele estava em estado de êxtase.
– Aquela moça surda? Acho que não.
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