1 de dezembro de 2009

Cher Antoine (após o bip)


Encontrei um recado na geladeira
Com sua declaração de amor
A sua secretária me mandou seus beijos
O delivery entregou o escargot
Que eu comi sozinha
Na nossa mesa de seis lugares
Com nossos talheres de prata
Usando um dos novos colares
Que sua mãe escolheu.

Recebi sua mensagem na minha caixa postal
Não se preocupe com a passagem
Vou trocar por uma viagem
De presente de natal
Que vou passar sozinha
Com a nossa árvore montada
Vendo as luzes da escada
Piscarem sobre meu vestido decotado
Que você não vai ver.

Descontei o cheque que você enviou
De aniversário de casamento
O gerente mandou lembranças
Sinto não poder entregá-las pessoalmente
É que eu vou pegar o seu dinheiro
E fugir com o carteiro
Que me come toda quarta
Enquanto eu leio suas cartas
Que algum poeta escreveu.

33 comentários:

Jéssica Trabuco disse...

Caramba o.O
Tô de boca aberta aqui com esse seu texto.
Magnífico!! Muuito bom mesmo moça... parabéns de VERDADE!

CL disse...

Se ele não é verdadeiro com as palavras, ao menos ela é. E muito, HAHA. Adorei!

Pâmela Marques disse...

Fiz um texto, Natália.
Com o teu comentário. O muito amado e a que ama muito.
Obrigada por ter sido inspiração para mim. Amanhã posto ele.

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E como sempre você mandando bem nos poemas. Queria escrever assim como tu.
Linda e doce sempre.

Matheus Sobral. disse...

Can't buy love!

Rebeca disse...

comecei um blog há pouco e gostaria de fazer amigos nesse meio, por isso estou aki no teu cantinho...virei uma seguidora...bjins

Érica Ferro disse...

Bicho (ou seria bicha?, haha), você arrasa nos poemas. Eu já disse e repito isso.

Rimas inteligentes!

Um abraço, queridona.

Katrina disse...

Você tá ficando cada dia melhor, menina!
Senpre quis fugir com um carteiro que sempre despeja as contas lá em casa. Falta me coragem.

César Schuler disse...

se esse poema não fosse tão bom eu ficaria, no mínimo, muito puto

quem ler isso vai achar que eu sou corno e te deixo largada o_o

te amo (:

Natália Corrêa disse...

Amor, os poemas normalmente não são sobre mim, você bem sabe. ;)
Acho que ta meio na cara que eu não sou nem casada, nem largada. Modéstia a parte, não conheço ninguém mais bem amada do que eu *-*

Te amo :)

Mariana Andrade. disse...

tá, natália, vou te falar uma coisa.

ÉS FODA! aheuhuaeh
sério.
muito bom isso!

Unknown disse...

Gostei do poema, e a dose de sacanagem no final.

O meu alterego mulher esforça-se em ser "mulher".

Vamos dizer que ando acertando o dedo em trabalhar com essa temática.

Abraço!

Tiago Fagner disse...

No começo do seu poema eu lembrei de Mulheres de Atenas de Chico Buarque, já no fim só penso na jeito desaforado de Ana Carolina!
Ela estava dando ao carteiro mais do que trabalho na entrega das cartas. X|

Anônimo disse...

Garota, final phodástico, bom bagaraio!

Uacht,

Lacobos
http://dadonanet.blogspot.com

Marcel Hartmann disse...

Gostei da poesia! Só que, se tu me deixa dar um conselho, tenta diminuir as linhas. As frases muito grandes e compridas quebram o ritmo. E poesia tem que ter ritmo, algum, pelo menos, senão é só prosa quebrada em linhas. Mas eu gostei do blog, de qualquer jeito.

Charles Bravowood disse...

ARREBATOU GERAL, eu todo meigo lendo o poema, achando tão lindo e tal, de repente vc escreve..

"É que eu vou pegar o seu dinheiro
E fugir com o carteiro
Que me come toda quarta
Enquanto eu leio suas cartas
Que algum poeta escreveu"

Eu terminei o post nas gargalhadas, arrebatou arrebatou!

Charlie B.

Thai Nascimento disse...

Uia, pensava q ia ter um fim melancólico e tal's, mas acho q ficou bem melhor assim. Adoro q me surpreendam, me deixem d boca aberta, como vc fez.

Parabéns, moça!

Luna disse...

você é que é foda, e muito foda mesmo.

Tatiane Trajano disse...

O carteiro come gostoso? É isso que importa.
Ficou foda, hein?
rs

Beijos

João Bertonie disse...

Cher Antoine... me fez lembrar da música en français dos Los Hermanos, aiai, saudades :)
Enfim, adorei os últimos versos;
"Enquanto eu leio suas cartas
Que algum poeta escreveu."
Bem revelador, rá :D

Anônimo disse...

Porque essa magnificência toda não atinge a conde de irajá?
Sempre quis ter um caso assim, incomum. Mas no fundo, eu quero apenas alguém que me queira. Nem no fundo, na superfície.

Marcelo Mayer disse...

o telefone tocou... era engano!
cotidiano deveria se chamar este belo poema

Danilo Augusto disse...

Natalia, você é poeta, que coisa linda!
Talvez você perceba o vazio de significado dos comentários de alguns que só sabem elogiar. Mas seus textos são realmente bons.

Acho que o ritmo da poesia não tem nada a ver com o tamanho das frases.
Não estamos escrevendo um soneto elizabetano, estamos?
Certamente quem pensa isso nunca parou para se atentar para os maravilhosos ritmos atrás dos poemas de Drummond, Ferreira Gullar, Maiakovski e Neruda.
Pura bobagem.

Você escreve com jeito próprio e vê-se que cada palavra foi pensada antes de transposta para o papel.
certamente você deve ter uma boa bagagem de leitura e horas de reflexão.

A academia está cheias de escrevedores enfadonhos. Acredite. Vale muito mais a pena escrever algo que sabemos ser sincero e conter significado. É o que faz. Parabéns!

Quanto ao nosso jogo: eu possuo uma conto no Flyordie e no ChessCube. Em qualquer dos dois você pode entrar e jogar como visitante.
Espero sua chamada.

Com a amizade conquistada pelos seus versos,
Danilo Augusto

Vital disse...

relações humanas contratuais.

e uma assinatura no cartório com testemunhas de preferência.
hehehe
bom.

A Magia da Noite disse...

Cirano escrevia cartas que outros assumiam como suas, o carteiro tocava sempre duas vezes e acabou entrando, enfim, uma sequência lógica em toda a parafernália de dizeres que descreves.

Anônimo disse...

Ela cansou de ficar sozinha
O carteiro fudeu ela
E antoine se fudeu.

Anônimo disse...

Sensacional! Não há dinheiro que compense viver na solidão :*

Rodrigo Oliveira disse...

belo! quanto ritmo! Passei pra agradecer as suas gentis palavras lá no blog e fiquei de cara. Lírico, vivo e ritmado este, não? Retornarei com mais tempo para conhecer melhor este canto da web. E a Maria Fumaça ficou muito, muito envaidecida com seu comentário ;) Valeu, mesmo.

Rafael Sperling disse...

Ai, que legal! Adorei esse poema.

Espero que tenha conseguido chorar toda a bosta pra fora, pois pode dar umas infecções estranhas.

DBorges disse...

Trata-se de uma mulher feliz.
Por um instante imaginei que não fosse.
Brilhante, Natália.

Beijo!

César Schuler disse...

Quanta discussão por causa do ritmo.
Achei o ritmo muito bom sim, as frases nem são tão longas. E mesmo que fossem, isso não tem nada a ver com quebrar o ritmo. Você arrasa em poesia e em tudo, amor (:

Quem diz isso é um estudante de Letras que ficou com média 10 em Teoria da Literatura :P

Luciana disse...

Pq tu eh assim heim? Será quem tem algo em que vc não seja perfeita?

Felipe disse...

Demais, demais. Gosto de todos os seus poemas, sem exceção.

abraços

Stella disse...

Adorei.

Quem me segue (se perde comigo)