17 de março de 2008

Sorrisos;


Uma menina, passeando com seu cachorro, sorriu para um estranho que esperava impacientemente um ônibus passar. O estranho achou-a simpática, correspondeu o sorriso e esqueceu-se da impaciência. Minutos depois, o ônibus passou. O estranho cumprimentou o motorista e sentou ao lado de uma senhora amargurada. Sorriu para ela o mesmo sorriso da garota, e a senhora, que lamentava a perda recente de um filho em um acidente de transito, lembrou-se de como seu primogênito costumava lhe sorrir. Pensou que talvez, onde quer que ele estivesse, não quisesse vê-la triste pelos cantos. Um meio sorriso crispou os lábios da senhora naquele instante, que beijou a testa do estranho e agradeceu-o por tê-la feito recordar o que seu filho realmente desejaria. Eles trocaram algumas palavras, e ela desceu do ônibus. Chegando em casa, deparou-se com um moleque de rua dormindo defronte à sua porta. Ela, o convidou para tomar uma xícara de café com torradas. O garoto, muito grato, sorriu como há muito não sorria e foi-se embora satisfeito. Enquanto atravessava a rua para voltar ao seu antro, sob viaduto, avistou uma menina correr entre os carros, atrás de um pequeno cachorro. Ele correu. Salvou o cachorro e a menina, que chorava, limpou as lágrimas e lhe sorriu o mesmo sorriso que fizera o estranho sorrir para a senhora, e o mesmo que fizera a senhora ajudar o garoto, tal como o que fez o garoto ajudar a menina. Ele entregou-a o cachorrinho e voltou para casa a cantarolar. Por instantes esquecera da miséria que se passava em seu lar, das noites em que seu pai voltava embriagado, dos dias em que sua mãe soluçava em prantos... Pela primeira vez ele sentia que podia fazer algo bom. Ele tinha esperança. Ele sorriu esperança.

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